No fundo tudo se deve reduzir à velha questão do berço mas se começo por aí corro o risco de inquinar a objectividade com que espero seja lido porque "levanto a lebre" de ser um preconceituoso.
Já senti muitas vezes orgulho pelo português José Mourinho: pelo seu trabalho, pelas suas conquistas, pelo reconhecimento mundial da sua carreira, por pequenas (mas decisivas coisas) como aprender a língua dos países onde trabalha MAS fazer discursos em português quando aceita e recebe troféus. O homem é bom. O homem é muito bom. Sei bem que os portugueses perdoam tudo menos o sucesso de outros portugueses e não engrosso a fileira dos primeiros. Sou dos que gostam de ver a bandeira subir para recebermos medalhas, sou dos que gostam de abrir o NY Times e ler artigos sobre Mariza, ou elogios a Damásio, sou dos que sentem o Hino, dos que se emplogam com o reconhecimento a Souto Moura, a Maria João Pires (mesmo que ela não queira ser portuguesa), a Paula Rego, a Sofia Escobar e a tantos outros. E tenho saboreados momentos desses com José Mourinho. Que é bom. É muito bom. Mas...
Mas...o portuguesinho que habita dentro de José Mourinho revela-se vezes demais e, geralmente, nas mesmíssimas circunstâncias. Mourinho ganhou o saudável hábito de ganhar. E esqueceu-se de que pode perder. E de que a grandeza se revela sobretudo nos momentos difíceis. Só os melhores vernizes aguentam a pressão...
Vai daí e ontem, depois de perder, produziu declarações vergonhosas: que ele já ganhou duas Champions e que Guardiola ainda só ganhou uma e que foi "escandalosa", que se Guardiola ganhar este ano a Champions fica com duas conquistas "vergonhosas", que no dia em que Guardiola ganhar duas Champions "limpas" então será como ele...sugeriu ainda que o Barcelona chega onde chega porque tem o patrocínio da UNICEF e que perdeu porque foi roubado como sempre.
Mourinho tenta transformar uma derrota numa questão de "o Mundo contra Mourinho" como se um resultado desfavorável não fizesse parte da competição e como se fosse assim que se suplanta uma adversidade. Muito portuguesinho reservar os louros para nós e alijarmos as culpas como os outros.
Mourinho é bom. É muito bom. Mas falta-lhe muito para ser melhor. No fundo tudo se deve reduzir à velha questão do berço...
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