Está aberta a temporada de caça...à multa.
A PSP tem números mínimos de multas a passar e viaturas a bloquear e a rebocar entre outros . Para os responsáveis da polícia trata-se de dar cumprimento ao Quadro de Avaliação e Responsabilização da Administração Pública, mas visto de fora parece um método de fazer com que a polícia dê lucro, o que não é exactamente a sua função.
O primado da quantidade de serviço sobre a qualidade do mesmo tem números; cada divisão da PSP terá de realizar 300 opções STOP contribuindo para um total nacional de 12900, os testes do balão devem aumentar 5% e o número de autos de contra-ordenação rodoviária, um eufemismo para multas, deverão idealmente totalizar os 172 mil.
Tendo em conta que estacionar numa grande cidade como Lisboa é uma tarefa de elevada dificuldade pois boa parte dos espaços disponíveis são hoje em dia sujeitos a estacionamento pago, a caça à multa encontrará boa coutada onde fazer baixas e alcançar os objectivos.
E é bom lembrar que são objectivos cujo cumprimento determinará a avaliação dos polícias. O que significa que nessa profissão os critérios de avaliação passam não apenas pela qualidade do desempenho dos profissionais mas pela necessidade de que existam cidadãos que prevariquem. De onde se conclui, por bizarro que pareça que se todos cumprirmos a lei, a polícia não cumpre a sua missão.
Escrevi este texto em Abril do ano passado e, nesta versão, apenas lhe retirei as referências temporais que o situavam em 2010.
No essencial as coisas mantêm-se. Lembrei-me disso porque esta manhã fui mandado parar numa monumental operação stop ao som de um dos mais de dez agentes que a compunham a gritar para outro colega "manda parar esse e vê a inspecção".
"Esse" era eu e a inspecção estava feita para tristeza da máquina autuante.
Gostar cada vez menos da nossa polícia é uma inevitabilidade...ter-lhe cada vez menos respeito é uma pena!
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