A origem das pessoas que cometem crimes não é, à partida, um critério diferenciador quando se titula uma notícia. As excepções são óbvias se estivermos, por exemplo, na presença de um crime de inspiração xenófoba. O que não é o caso. Aqui estamos perante situações em que a vergonhosa creche podia ser gerida por um casal ribatejano, por um trio minhoto ou por um quarteto lisboeta. E a notícia seria a mesma.
Como também a notícia seria a mesma se a pessoa que provocou o incêndio nas Caldas fosse arquitecta, técnica de andebol ou observadora de pássaros.
Mas os títulos dão bons indícios de uma subtil mudança de tom. Não se entende se é o jornalismo que vai atrás de uma ainda emergente vaga de fundo contra os estrangeiros ou se são os jornais que a estão a começar a criar. Mas ela está lá e não convém ignorá-la por muito "mainstream" que seja assobiar para o lado.
Estes títulos não são normais. E é bom reflectir sobre isso enquanto a lucidez não estiver perturbada pela maré de notícias que se adivinham com estrangeiros como protagonistas.
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