A dita moeda começou logo a queimar-me as mãos... uma moeda comemorativa dos Jogos Olímpicos...de Pequim.
Dois euros e cinquenta cêntimos parece ser o preço exacto pelo qual a consciência de Portugal se vende: em bom rigor nem sei se valeremos muito mais enquanto formos tripulados por gente tão mesquinha, egoísta e ingrata
O país está a banhos com a sua habitual consciência tranquila, dir-se-ia. Pois eu não posso deixar de calar que o país está a banhos com a habitual memória curta.
Recuemos no tempo.
O que diríamos se, há apenas dez anos, a Indonésia estivesse a organizar uns Jogos Olímpicos e um país (digamos, Espanha) decidisse cunhar moedas evocativas?
(Lembrete para as "consciências mais tranquilas": há dez anos a Indonésia ocupava ilegitimamente Timor-Leste; as violações dos direitos humanos eram sistemáticas e brutais)
Assistiríamos placidamente e de braços cruzados a essa alheamento em relação ao drama dos timorenses? Aceitaríamos que o mundo se silenciasse e participasse na "grande festa do desporto" indiferente ao genocídio e à humilhação?
Haverá uma diferença entre Timor e Tibete? E entre China e Indonésia?
Passaram dez anos.É muito pouco na História da humanidade, enquanto género humano, mas parece ser tempo a mais na história da Humanidade, no sentido de natureza humana, para que
a gratidão não se tenha consolidado na alma de um Povo. Porque o Nobre Povo cantado n´A Portuguesa não se verga, não se vende...muito menos por dois euros e meio.
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