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sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Quanto vale a consciência de um país?

Recebi há momentos o troco de umas rápidas compras de supermercado. A senhora da caixa chamou a minha atenção para uma das moedas que me entregava. "É uma moeda de dois Euros e meio", disse. E completou: "é uma moeda especial comemorativas dos Jogos Olímpicos".
A dita moeda começou logo a queimar-me as mãos... uma moeda comemorativa dos Jogos Olímpicos...de Pequim.

Dois euros e cinquenta cêntimos parece ser o preço exacto pelo qual a consciência de Portugal se vende: em bom rigor nem sei se valeremos muito mais enquanto formos tripulados por gente tão mesquinha, egoísta e ingrata

O país está a banhos com a sua habitual consciência tranquila, dir-se-ia. Pois eu não posso deixar de calar que o país está a banhos com a habitual memória curta.
Recuemos no tempo.
O que diríamos se, há apenas dez anos, a Indonésia estivesse a organizar uns Jogos Olímpicos e um país (digamos, Espanha) decidisse cunhar moedas evocativas? 

(Lembrete para as "consciências mais tranquilas": há dez anos a Indonésia ocupava ilegitimamente Timor-Leste; as violações dos direitos humanos eram sistemáticas e brutais)

Assistiríamos placidamente e de braços cruzados a essa alheamento em relação ao drama dos timorenses? Aceitaríamos que o mundo se silenciasse e participasse na "grande festa do desporto" indiferente  ao genocídio e à humilhação?

Haverá uma diferença entre Timor e Tibete? E entre China e Indonésia?

Passaram dez anos.É muito pouco na História da humanidade, enquanto género humano,  mas parece ser tempo a mais na história da Humanidade, no sentido de natureza humana, para que 
a gratidão não se tenha consolidado na alma de um Povo. Porque o Nobre Povo cantado n´A Portuguesa não se verga, não se vende...muito menos por dois euros e meio.

Lendo (relendo?) ...

  • What the dog saw
  • The Tipping Point
  • Made in America, Bill Bryson

Ouvindo...

  • The Smiths..."Reel Around the Fountain"
  • Mozart... "alla turca"