Acabou o ano sem um clássico da minha juventude: o desfilar de previsões, geralmente catastróficas, por parte de um extenso rol de astrólogos, cartomantes e profissionais liberais afins. Eram dias interessantes os do final do ano com as manchetes de alguns diários, intervenções na televisão e, sobretudo, os opinion makers de cada café a dedicarem-se ao que dizia a Madame "qualquer coisa" ou o Professor "esse mesmo". E bastaria terem acertado em 10% do que previram para o mundo ser diferente. Não estaríamos a assistir à discussão da terceira travessia do Tejo pela simples razão de que ainda estaríamos a reconstruir a Ponte. A cura do cancro teria sido descoberta umas 15 vezes. Um político português estaria envolvido num escândalo (hum...aqui quase que acertaram). O Papa João Paulo II teria desaparecido muito antes. A Atlântida seria, hoje em dia, um parque de diversões depois de ter sido descoberta ainda nos anos 80. E os extraterrestres já teriam uma embaixada em cada esquina.
Mas as previsões não demonstraram acerto e o mundo consolou-se com a realidade. A história encarregou-se de fintar os adivinhos, os factos são hoje mais "espectaculares" do que aqueles que os mais atrevidos anunciavam. O negócio massificado da previsão deixou de ser ineteressante, "sexy", apelativo: deixou de vender. Encerrámos 2006 sem uma previsãozinha que se seja a fazer notícia.
E entrámos em 2007. Por esta altura vive-se o "estado de graça" do ano. Este é o período em que as "promessas de Ano Novo" ainda são válidas. À volta do planeta há milhares de pessoas que não fumam há quatro dias, que não espreitam a vizinha há 96 horas, que enchem ginásios há dois pares de manhãs, que iniciaram "A" dieta há 4 almoços e três jantares. Há também um anónimo que assegura a manutenção de um blog adiado há meses: posso ser eu e não estarei sózinho. Vamos ver quem aguenta mais tempo...
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